A definição estabelecida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) classifica as zoonoses como “doenças ou infecções naturalmente transmissíveis entre animais vertebrados e seres humanos”. Elas são classificadas de acordo com o sentido da transmissão, conforme segue:

– Antropozoonoses: quando o agente patogênico é perpetuado pela transmissão entre animais vertebrados, mas que eventualmente pode ser transmitido a seres humanos.

– Zooantroponoses: quando o agente patogênico é perpetuado pela transmissão entre seres humanos, mas que eventualmente pode ser transmitido a animais vertebrados.

– Amphixenosis: quando a perpetuação e a transmissão dos agentes patogênicos ocorrem em igual intensidade entre animais vertebrados, entre seres humanos e entre animais vertebrados e seres humanos.

Dentre as zoonoses que ocorrem no Brasil, a dengue é a mais preocupante, devido às recentes epidemias registradas nos últimos anos. O vírus da dengue tem como hospedeiros o homem e os primatas, sendo que a transmissão do vírus entre os hospedeiros (infectado e suscetível) se dá através de um vetor, o mosquito Aedes aegypti.

Clinicamente, a dengue pode se manifestar de quatro formas. A primeira é a infecção inaparente, onde a pessoa não apresenta os sintomas mais conhecidos da doença. Depois, temos a dengue clássica, onde a pessoa sente febre, dor de cabeça, fadiga, dor muscular e nas articulações, enjoos, vômitos, diarreia e dor abdominal. A terceira forma é a dengue hemorrágica, que evolui para quadros mais graves, ocorrendo dificuldade respiratória, vômito intenso, queda da pressão arterial e hemorragia, podendo ocasionar até a morte da pessoa. A síndrome do choque da dengue é a quarta forma da doença, onde os sintomas da dengue hemorrágica se agravam e culminam no choque causado pela insuficiência circulatória.

Outra zoonose de grande importância no Brasil é a leptospirose, pois também representa grande risco à saúde pública, principalmente em épocas chuvosas, quando a ocorrência de enchentes favorece o contato dos seres humanos com o agente patogênico (uma bactéria do gênero Leptospira), aumentando a incidência da doença. A leptospirose pode ser transmitida através da urina de animais infectados com a bactéria (roedores, caninos, suínos, bovinos, entre outros), sendo que os ratos representam a maior fonte de contaminação.

Os sintomas da leptospirose são: febre alta, mal-estar, dores musculares (principalmente nas panturrilhas), dor de cabeça, dor no tórax, olhos vermelhos, tosse, cansaço, náuseas, diarreia, desidratação, calafrios, manchas vermelhas no corpo e meningite. Geralmente a evolução da doença é benigna e os sintomas regridem após três ou quatro dias. Entretanto, na sua forma mais grave, o quadro clínico da pessoa infectada pode se agravar, ocorrendo hemorragias, complicações hepáticas, renais e vasculares, podendo evoluir para óbito.

A transmissão de zoonoses pode ocorrer pelas seguintes vias:

– Transmissão direta: o hospedeiro vertebrado infectado transmite o agente patogênico para outro hospedeiro vertebrado suscetível, através de contato direto entre os hospedeiros.

– Transmissão indireta: quando não existe contato direto entre os hospedeiros (infectado e susceptível). A transmissão indireta pode ocorrer por alimentos infectados, secreções, sangue, excrementos e por vetores artrópodes.

Os insetos e carrapatos hematófagos são os principais vetores de zoonoses, pois, quando infectados, podem transmitir o agente patogênico ao se alimentar.

Entre os principais vetores artrópodes, destacam-se os mosquitos hematófagos, principalmente o Aedes aegypti (vetor da dengue e da febre amarela), as pulgas (vetores da peste bubônica, salmonelose, entre outras) e os carrapatos (vetores da febre maculosa, doença de Lyme, entre outras).

Seguem algumas dicas para evitar as zoonoses:

– Para quem tem animais de estimação, é importante levá-los ao veterinário regularmente para avaliação, além de manter a vacinação e a desverminação em dia;

– Evite o acesso dos animais de estimação a camas, sofás, tapetes etc.;

– Recolha as fezes do animal, evitando sua exposição a moscas e ao contato humano;

– Evite o contato com animais doentes, principalmente com suas secreções e excrementos (sangue, saliva, muco, pus, urina, fezes etc.);

– Mantenha o ambiente onde o animal vive sempre limpo e livre de parasitas (pulgas, carrapatos etc.);

– Controle a população de vetores em potencial (pulgas, mosquitos, moscas, carrapatos etc.);

– Não consuma alimentos de origem animal (carne, embutidos, queijos etc.) sem inspeção;

– Lave bem as frutas e hortaliças antes de consumi-las;

– Lave bem as mãos após o contato com animais e antes das refeições;

– Investimentos em saneamento básico e educação ambiental;

– Controle da população de animais abandonados.



29/11/2023